sábado, 2 de maio de 2009

Dissertativa sobre texto de Norbert Elias

A Sociedade como um todo
Dissertado por: Carla Alexsandra


A Sociedade é, como a vemos e a sentimos, o conjunto de indivíduos que vivem, trabalham, comem, dormem etc, segundo o mesmo padrão cultural inerente àquela região ou país. E penso que, quanto mais distantes uma sociedade da outra, em termos geográficos, também diferentes serão as culturas que esses indivíduos organizarão. Como exemplo, podemos citar sociedades como a chinesa e a brasileira, e por terem dimensões continentais também apresentam dentro de si, diversidades regionais culturais.
Ao procurarmos a palavra “sociedade” no Dicionário Aurélio receberemos como resposta que “... são indivíduos que vivem por vontade própria sob normas comuns e que são unidos pelo sentimento de consciência do grupo...”.
O emprego da palavra “unidos” no verbete do dicionário nos remete ao exemplo de Aristóteles citado por Norbert Elias em sua obra “A Sociedade dos Indivíduos” onde o Autor discorre a analogia entre a casa de pedras e a sociedade dos indivíduos. Da mesma forma que os indivíduos estão unidos para formar a sociedade (e sem essa união a sociedade não existiria), as pedras coalescidas formam uma casa e não teria significado algum caso soltas estivessem.
Norbert Elias também cita a sociedade como “um complexo funcional de estrutura bem definida” onde todos nós nos movemos nessa grande teia, cada qual com suas funções específicas. Ainda que a maioria de nós não se conheça, ainda assim estaremos assumindo tais funções, trabalhando diariamente pelo bem-estar dos outros ou para que cumpram também suas atividades diárias, a fim de eliminarmos a inércia e fazermos com que tenhamos uma ligação uns com os outros.
Outro ensinamento importante no texto de Elias é no tocante aos mitos científicos da origem. Partindo do mito da criação (Bíblico) com a origem da humanidade a partir de Adão, passamos a refletir sobre a possibilidade de não existir nada ou ninguém antes dele, adulto simplesmente já pré-concebido, sem um começo, uma infância.
Mas como teria sobrevivido sem a orientação de um grupo de pessoas que teriam vindo antes dele e teriam, na história primeva, concebido um modo de ser, uma língua comum no convívio natural?
Há, na leitura antiga ou na contemporânea, exemplos ainda que infantis, de se pensar como se faria o indivíduo sem o convívio com seus iguais. Vejamos a história de Mogly, o menino-lobo ou George, o Rei da Floresta. Histórias lúdicas que nos remetem a reflexão de indivíduos humanos, que ao serem criados longe de seus iguais e em uma floresta, tornaram-se tal qual o elemento que os criou: no primeiro caso, lobos e no segundo, macacos. E a partir daí começam a agir como lobo e macaco, com os mesmos modos de ser, comer, dormir, grunhindo e gesticulando como animais que pensam que são. É o animal humano semi-selvagem citado no texto.
O indivíduo se torna complexo e adulto quando, criado em sociedade por seus iguais, recebe daqueles que o antecederam todos os ensinamentos, as regras de convívio e respeito e transforma-se em um ser humano adulto, capaz de agir e falar de forma articulada e integrando a teia de indivíduos que formam a sua sociedade.
O indivíduo nasce, portanto, inserido em uma rede de pessoas que o antecederam e lá se torna parte, contribuindo para que esta rede cresça e se movimente. O controle de seus instintos, traços de seu caráter e personalidade serão moldados neste meio. Passará a tratar-se como “nós” e não mais como simples indivíduo “eu”, agindo e reagindo em suas relações interpessoais nas possibilidades que a cadeia humana oferece. Isto significa o respeito aos limites impostos pela própria sociedade, observando as regras que foram criadas para realizar as ações de todos: “ A atividade individual de alguns é o limite social de outros”.(ver págs: 51-52).
Por fim, é inegável que indivíduos isolados tenham na crença popular um valor inestimável pela sua contribuição na história da própria humanidade, mas não devemos esquecer que esses indivíduos não agiram sem qualquer experiência. O meio em que tais indivíduos se criaram e se fortaleceram fazendo com que mudassem o rumo de sua sociedade ou de todo o planeta foi de crucial importância para fazer com que se tornassem grandes personalidades. Como diz o texto: “A crença no poder ilimitado de indivíduos isolados sobre o curso da história constitui um raciocínio veleitário”.Isto significa que é leviana ou fantasiosa a crença de que grandes pensadores como os próprios Aristóteles, Marx, Maquiavel ou qualquer outro que conhecemos, tenham se criado por eles mesmos. É claro que se tornaram um produto do seu meio. Sem o convívio com suas sociedades, sem interagir neste meio, não desenvolveriam o pensamento crítico e ou analítico de suas épocas e conseqüentemente não se tornariam às pessoas que foram.
Acredito que as sociedades nasçam das vontades de grupos de pessoas que se uniram por afinidades e permitiram ser, simplesmente por ser uma sociedade, a união de todos.

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