domingo, 7 de novembro de 2010

Reflexos da globalização sobre o mercado de trabalho

Os meios de comunicação em massa têm sido atualmente os maiores propagandistas de uma consciência coletiva que privilegia e exalta determinados atributos físicos, valores e normas de comportamento levando a sociedade a acreditar que produtos de grife, importados em geral, além da magreza excessiva e beleza física de preferência européia ocidental sejam sinônimos de um poder que os qualifique, perante os outros, como “bem-sucedidos”.
Mediante tal constatação percebe-se que a educação institucional, o orgulho da cor da pele, as relações afetivas e familiares ficaram em segundo plano.
Num mundo globalizado onde as relações econômicas são muito mais dinâmicas, o mercado se intensificou e permitiu que tivéssemos acesso a diversos produtos, bens e serviços produzidos em países longínquos e por um batalhão de trabalhadores explorados pelos gigantes capitalistas de países centrais que, ao longo de toda a trajetória da humanidade desde a Revolução Industrial, tem buscado o lucro de forma crescente e incessante.
Assim, o tênis, bolsas, vestidos importados levam o nome de grandes marcas que não tem o pudor em esconder que foram produzidos por mãos exploradas, principalmente na porção asiática do planeta: paga-se centavos por um produto que será vendido por algumas dezenas de dólares, pois a mão de obra nos países centrais é muito mais cara.
Esta globalização do mercado por um lado faz com que muitos trabalhadores que viviam em condições precárias ou na miserabilidade absoluta, tenham o mínimo de possibilidade de alimentação e necessidades básicas atendidas, ainda que explorados por horas de trabalho excessivas e baixos salários.
Por outro lado, esta abertura de mercado da era globalizada provocou profundas desigualdades econômicas e sociais tanto interna quanto externamente às nações. Os empresários, ao utilizarem mão de obra mais barata de países periféricos estão assim protegidos contra os efeitos negativos do mercado porque podem reduzir seus custos sensivelmente, ou seja, não tem grandes encargos trabalhistas, seus impostos são reduzidos e insumos e matéria-prima mais baratos.
Além disso, há uma grande mobilização de trabalhadores provenientes de diversas partes do mundo que migram em busca de trabalho, que possuem as mesmas qualificações, mas que se sujeitam a um salário bem inferior ao pedido pelos nativos, deixando estes últimos sem emprego e gerando o “exército de reserva dos trabalhadores” como Marx chamava.
A imigração tornou-se assim um dos grandes problemas sociais e econômicos discutidos em todos os países desenvolvidos que têm obtido êxito ao barrar trabalhadores oriundos de áreas pobres impondo obstáculos cada vez mais eficazes como barreiras físicas (México/EUA) ou novas leis que punem a imigração ou permanência ilegal (Lei Diretiva de Retorno - Europa), exigências maiores para obtenção de visto, etc. E ao mesmo tempo em que impedem a entrada de trabalhadores, tais Estados abrem cada vez mais as portas para as movimentações do capital, trocas comerciais e comunicações (HOBSBAWM, p.43)
Mais uma vez vemos acontecer na história os lucros capitalistas sobrepujando os indivíduos de seus direitos básicos. Grandes corporações atualmente parecem dar as cartas no jogo político mundial e contam com o descaso de governos e governantes que deixam de privilegiar o povo atuando de forma contrária aos interesses de seus nacionais.
Haverá o tempo em que os países centrais, de economia mais forte e totalmente sugestionados pelos ditos do mercado, começarão a rechaçar os mais feios, os mais pobres, os diferentes, os “inferiores” e nesta gama de qualificativos hediondos incluem-se os imigrantes, que por não possuírem o branco alvo da pele dos nativos serão expurgados para além das fronteiras destes países, não mais como pessoas “non-gratas” que lhes “roubam” os empregos, mas como escórias, limbo dos países pobres.
A riqueza parece estar ligada com a beleza física. Não se falará mais do rico altruísta ou generoso. A humanidade caminha para uma desumanização moral e para um bullying globalizado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Parabéns a Mario Vargas Llosa!


Finalmente reconhecido o trabalho do escritor peruano Mario Vargas Llosa materializado pelo Prêmio Nobel de Literatura de 2010.
Aqueles que adoram o escritor, assim como eu, hoje é um dia de júbilo e certeza de que as ideias de cunho político do escritor são verdadeiramente sentidas e reconhecidas na sua liberdade de expressão e crítica.
Para coroar este dia segue uma reportagem MUITO INTERESSANTE sobre o conteúdo de seu novo livro.
"Para um bom entendedor, meia palavra basta!" - Ditado popular.

No livro novo, referências ao Brasil

qui, 07/10/10por Luciano Trigo

Quase 30 anos depois da premiação de Gabriel García Márquez, o Nobel finalmente consagra outro autor latino-americano à sua altura, de forma mais que merecida. Mas, diferentemente do que aconteceu com o colombiano, cujo engajamento só fez reforçar a sua projeção como escritor, a dedicação cada vez maior de Mario Vargas Llosa à política parece ter deixado um pouco na sombra a sua obra ficcional.

O anúncio do Nobel coincide com o lançamento no Brasil do livro ‘Sabres e utopias’, uma reunião de artigos sobre política, direitos humanos, História e literatura (editora Objetiva, 432 pgs. R$ 49,90). O volume inclui, aliás, resenhas de diversos romances de García Márquez, além de textos inspirados sobre Jorge Amado e Euclides da Cunha – inspirador do romance de Vargas Llosa ‘A guerra do fim do mundo’, sobre Canudos.

Mas os artigos mais interessantes acabam mesmo sendo aqueles que comentam a política da América Latina, historicamente marcada pelo combate entre a democracia e a liberdade e os podres poderes de ridículos tiranos. Independente, Vargas Llosa não usa meias-palavras, fazendo duras críticas, por exemplo, à política externa do Governo Lula, no texto ‘O socialismo do século XXI’.

FONTE: http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2010/10/07/no-livro-novo-referencias-ao-brasil/comment-page-0/#comment-5171

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Artigo da Revista Pangea

Vieira de Mello no mundo de Hobbes
Um dia antes de iniciar a sua missão fatal no Iraque, Sergio Vieira de Mello escreveu: “A preponderância militar dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha não nos deve levar a pensar que a estabilidade internacional possa ser assegurada pela força. Se quisermos que o sistema internacional se baseie em algo mais do que a força ou o poder, os Estados terão de regressar à instituição que criaram: as Nações Unidas.” (O Estado de S. Paulo, 1/6/2003).
O diplomata, que corporificou o “espírito na ONU”, expressava a crença num sistema internacional apoiado sobre valores consensuais. A idéia de uma “comunidade das nações” tem uma longa história. As suas raízes encontram-se no pensamento de Hugo Grotius que, no início do século XVII, elaborou a noção de um “contrato moral” que vincularia as nações pelos laços da justiça. O pensamento de Grotius não parou jamais de ecoar, atrás do ruído das guerras. Uma das suas expressões mais célebres foi a proposta dos “Quatorze Pontos”, do presidente americano Woodrow Wilson, que sintetizava a utopia de uma paz sem vencedores, no final da Primeira Guerra Mundial.
Thomas Hobbes, alguns anos depois de Grotius, explicou que o sistema internacional é o cenário da “guerra de todos contra todos”, no qual os Estados, por não estarem subordinados a nenhum poder superior, vivem “na situação e atitude dos gladiadores, com as armas assestadas, cada um de olhos fixos no outro”. Os idealistas sonharam com o estabelecimento de um “governo mundial” que prenderia os Estados na redoma do “contrato moral”. As duas grandes guerras do século XX atualizaram esse sonho, que se coagulou no Pacto da Liga das Nações (1919) e na Carta da ONU (1945).
Mas o “governo mundial” baseado na justiça não existe: o que existe é o poder dos Estados e a política de poder. O Pacto da Liga das Nações fundava as relações internacionais “na justiça e na honra”. De fato, a Liga funcionou como instrumento da “paz dos vencedores” e afundou devido à ausência dos Estados Unidos, a grande potência encapsulada no isolacionismo. A Carta das Nações Unidas inspirou-se na mesma filosofia do Pacto da Liga e o seu preâmbulo prometia que a força só voltaria a ser usada na defesa do interesse comum. Ao contrário da Liga, a ONU revelou-se duradoura, mas não porque tenha sido capaz de conferir vida ao sonho do “governo mundial”.
A vitalidade da ONU decorreu, paradoxalmente, da sua adaptação funcional à política de poder da Guerra Fria. O equilíbrio bipolar e o duopólio nuclear encontraram expressão jurídica no direito de veto das resoluções do Conselho de Segurança. O espectro intolerável da guerra total conferiu ao Conselho de Segurança a função de palco de confrontação e negociação entre as superpotências.
O fim da Guerra Fria dissolveu o equilíbrio bipolar e propiciou a formulação de algumas grandes deliberações consensuais no Conselho de Segurança. Depois da Guerra do Golfo de 1991, forças de paz das Nações Unidas foram deslocadas para inúmeros focos de conflito, dos Bálcãs à África, do Timor Leste ao Afeganistão. Então, a ONU adquiriu a aparência de um “governo mundial” e Vieira de Mello celebrizou-se como “construtor de nações”. No fundo, como registrou o perspicaz embaixador da administração Clinton nas Nações Unidas, Richard Holbrooke, num artigo para o Washington Post, “a ONU serve no Iraque – como na Bósnia, Kosovo e Afeganistão – aos interesses americanos a longo prazo”.
Há, contudo, uma diferença essencial. Na antiga Iugoslávia e na Ásia Central, a ONU recebeu poderes amplos de manutenção da paz e reconstrução nacional, na seqüência de intervenções militares dirigidas pelos Estados Unidos mas legitimadas pelo Conselho de Segurança. No Iraque, ao contrário, a missão da ONU tem atribuições marginais, pois a intervenção militar foi deflagrada contra a posição da maioria do Conselho de Segurança e os Estados Unidos desempenham a função de potência ocupante. Essa circunstância especial é, aliás, a moldura do atentado que vitimou Vieira de Mello.
No Timor Leste, entre 1999 e 2002, as Nações Unidas ergueram, das ruínas da guerra, a “primeira nova nação do século XXI”, na definição de Holbrooke. Aquele episódio representou o zênite da carreira do brasileiro “construtor de nações” e, também, um poderoso alento para a crença num “governo mundial”. Mas a Doutrina Bush secou o lago das ilusões. Os neoconservadores republicanos, que sempre se opuseram atavicamente à ONU, assumiram o controle da política externa americana. No diapasão unilateralista da “guerra ao terror”, Washington passou a enxergar o Conselho de Segurança – onde franceses, russos e chineses dispõem do direito de veto – como um estorvo à estratégia imperial da “Nova Roma”. O “governo mundial” de Bush e Rumsfeld é a Casa Branca.
Apesar dos alertas que enviou sobre a vulnerabilidade da missão em Bagdá, Vieira de Mello não queria que o seu pessoal circulasse em carros blindados ou se escondesse atrás das tropas de ocupação, pois esperava que os iraquianos traçassem uma linha mental separando a ONU dos Estados Unidos. Há duas vítimas políticas do atentado às instalações da ONU em Bagdá. Uma é Vieira de Mello e a outra, que ele simbolizou, é a crença no “governo mundial” fundado num “contrato moral” entre as nações. Agora, ao lado de cada funcionário da ONU em Bagdá, estarão veículos militares e soldados das tropas ocupantes.

Demétrio Magnoli - 31/08/2003.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

As muitas violências

por Silvio Caccia Bava
Nos últimos três anos foram assassinadas mais de 140 mil pessoas no Brasil. Uma média de 47 mil pessoas por ano. Uma parcela expressiva destas mortes, que varia de região para região, é atribuída à ação da polícia, que se respalda na impunidade para continuar cometendo seus crimes. São 25 assassinatos ao ano por cada 100 mil pessoas, índice considerado de violência epidêmica, segundo organismos internacionais, e que se mantém estável, apesar dos esforços do governo federal com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Segurança, lançado em agosto de 2007, e o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), que tinha por meta reduzir em 50% os assassinatos neste ano de 2010, mas não o conseguiu.
A situação é um pouco melhor que alguns anos atrás: em 2000, o índice era de 26,7; em 2001, de 27,8; em 2002, de 28,45, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Não fazemos ideia do que esses números significam. Apenas para ter uma comparação, nos três anos mais cruentos da invasão do Iraque (2005-2007) foram assassinados, por atos de guerra, 80 mil civis. Uma média de 27 mil mortes por ano.
Se os assassinatos com armas de fogo são uma face da violência vivida na nossa sociedade, ela não é a única. Logo atrás, em termos de letalidade, estão os acidentes fatais de trânsito, com cerca de 33 mil mortos em 2002, e 35 mil mortes por ano em 2004 e 2005. Isto, sem falar nos acidentados não fatais socorridos pelo Sistema Único de Saúde, que multiplicam muitas vezes os números aqui apresentados e representam um custo que o Ipea estima em R$ 5,3 bilhões para o ano de 2002. Novamente aqui os jovens são as principais vítimas, e uma pesquisa aponta que 95% dos acidentes de trânsito são de responsabilidade do motorista: desrespeito à sinalização, excesso de velocidade, avanço do sinal.1 Quanto aos atropelamentos, foram mais de 40 mil em 2006, penalizando principalmente os mais idosos.
A lista da violência alonga-se incrivelmente. Sobre as mulheres, os negros, os índios, os gays, sobre os mendigos na rua, sobre os movimentos sociais etc. Uma discussão num botequim de periferia pode terminar em morte. A privação do emprego, do salário digno, da educação, da saúde, do transporte público, da moradia, da segurança alimentar, tudo isso pode ser compreendido, considerando que são direitos assegurados por nossa Constituição, como outras tantas violências.
Para buscar interpretar estes acontecimentos, não é possível isolar uma única forma de violência, ainda que suas distintas manifestações requeiram políticas também diferenciadas para enfrentá-las. É o jeito de viver em sociedade, que assumimos ao longo do tempo, que nos leva a esta situação-limite.
Quando a Justiça não funciona, principalmente para os pobres; quando a polícia mata com impunidade, em vez de garantir a lei e a ordem; quando o que nos ensinam é que temos de tirar vantagem sobre os demais; quando as políticas públicas não garantem a proteção social das famílias; quando os jovens não têm perspectiva de emprego neste modelo de desenvolvimento; tudo somado, desaparece o que é de interesse comum, a coisa pública, a afirmação dos direitos, as regras de convivência democrática.
É aqui que mora o perigo. Se o domínio privado do espaço público prevalecer, como é o caso das milícias e do narcotráfico nas favelas, assim como dos sistemas de segurança privada nos acessos aos condomínios de luxo e nos shoppings, então continuaremos a viver uma guerra contínua e não declarada que estenderá seu manto de sofrimento por toda a sociedade.
Hannah Arendt valoriza o espaço público como espaço de socialização, da comunicação, do debate, do exercício democrático, do cultivo das liberdades. Claude Lefort, Viveret e toda uma corrente de pensadores nacionais e estrangeiros que defende o exercício da democracia direta pelos cidadãos, falam da (re)apropriação do espaço público, de um processo de (re)fundação democrática que crie novas instituições para um novo tempo, com maior controle social e sentido público.
Sem espaço público não há democracia, e o espaço público é também uma construção associada à construção do próprio Estado, que necessita se abrir para o controle social para produzir políticas que universalizem direitos. As experiências recentes de construção de um novo jeito de viver que ocorrem em países vizinhos, como a Bolívia e o Equador, dizem que este caminho é possível e que existem movimentos fortes na sociedade que bancam estas mudanças.
A maior violência para alguém é estar sozinho, sem trabalho, sem proteção social, desvalorizado perante si mesmo, privado dos seus meios de socialização, de um papel a cumprir na sociedade.

Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

E como dizia Marx: "O poder político é um comitê para gerir os negócios da burguesia."
Interessante... Não sei porque mas eu imediatamente me lembrei de certa família dona de um Estado inteiro na região norte do país...
Sinistro, muito sinistro...

terça-feira, 9 de março de 2010

A palavra de ordem é: Otimismo!


Hoje vou quebrar as minhas regras e escrever algumas palavras que quiçá possam servir de incentivo a quem delas estiver necessitado.
Vou falar de otimismo. Esquecida nas horas difícies, esta é uma atitude positiva que requer um certo treino diário para que funcione como um antídoto nos momentos de dificuldade e desespero.
O ser humano costuma "sofrer por antecipação". Descabela-se no simples pensar de um acontecimento negativo. Mas, para que temer o desconhecido? Ou ainda, por que fugir do inevitável? Às vezes o fato ainda nem aconteceu - e pode ser que nem venha a acontecer - e o desespero se apossa ante a possibilidade, repito, a possibilidade de acontecer.
Ou mesmo que de fato algo ruim esteja na iminência de ocorrer, por que não usar o tempo a seu favor para que possa tomar uma atitude que venha a atenuar as consequências?
Já que é inevitável, evita-se o pior, tomando ações positivas que minimizem o resultado. O desespero paralisa as ações, bloqueia o raciocínio, nos faz reféns de nossa própria incapacidade de agir.
Suponhamos que o nefasto não aconteça. Sentimos então um alívio por constatar que tudo acabou bem e todo aquele desespero mostrou-se enfim, em vão. Porém, o que dizer de toda a energia despendida ante o estresse passado? Talvez você tenha gritado, esperneado, chorado e nada do que temia aconteceu. Perdeu-se a energia no grito, no choro, no desespero. Energia que poderia ter sido usada a seu favor, para produzir otimismo, serenidade, equilíbrio.
A sociedade na qual vivemos é imediatista e com o advento da tecnologia conseguiu esfriar até mesmo as relações interpessoais, afetivas, sociais. Não se conhece mais pessoas como antigamente, não se passeia ou se namora nas praças. Hoje o conhecimento se dá mais de forma quantitativa do que qualitativa. E a rapidez deste encontro, deste primeiro contato é tão frio quanto a própria amizade que dele nasce, pois que não há olho no olho, nem mais o toque (tato) a não ser o frio apertar de teclas.
Por isso acredito que hoje cada vez mais o ser humano precisa se auto-regular, se reequilibrar pois o apoio de amigos está cada vez mais restrito à tela de um computador.
O mundo contemporâneo é intolerante. Perdeu-se a serenidade, a calma. Em qualquer cidade, em qualquer país é fácil ver pessoas se agredirem por terem se esbarrado no trânsito, isso quando não se agrava o fato com o uso de armas de fogo.
Penso então que a vida moderna produziu dois paralelos: primeiro as facilidades geradas pela tecnologia em todos os setores da vida e segundo as dificuldades ou problemas gerados justamente por essa tecnologia que cerceou o bem-estar social e ambos progridem na mesma proporção.
Para exemplificar, uma questão extraída do senso comum: as novas tecnologias permitiram que a indústria produzisse alimento congelado. Uma facilidade para a dona de casa, o profissional bem sucedido e solitário e etc. Tal alimento além de ser nocivo à saúde se consumido em excesso ou rotineiramente faz com que "sobre" mais tempo para que o indivíduo gaste este tempo vago com mais trabalho, na sua busca incessante por felicidade, dinheiro, reconhecimento profissional. Daí que constatamos que come-se mal e dorme-se pouco.
A frenética rotina do sistema capitalista com seu pensamento individualista demonstra que bem sucedido é aquele que atinge o patamar mais alto de uma sociedade consumista, ou seja, aquilo que o dinheiro pode comprar e não mais a sua capacidade de poupar.
Poderíamos pensar também o porque de nossos jovens preferirem contar suas intimidades, seus medos e angústias com os "lobos em pele de carneiro" da internet ao invés de sentar e conversar com seus pais. Por causa da busca incessante por resultados abriu-se a porta de casa para o distanciamento das relações afetivas, para o abuso, para a pedofilia, para o crime.
Por tudo isso eu modestamente acredito que as pessoas precisam reencontrar seu ponto de equilíbrio fazendo da família ou dos poucos e bons amigos um porto seguro para uma troca positiva de energia, buscando dentro de si mesmas o equilíbrio, o bom senso e usando o otimismo como exercício diário ante os desafios da vida moderna.
Esta transformação no pensamento e consequentemente das relações sociais é possível desde que se busque por ela.
A todos os meus amigos que aqui me visitam, um grande abraço.