terça-feira, 26 de maio de 2009

Dúvidas cruéis

É a primeira vez que leio “O manifesto do Partido Comunista” e é também a primeira vez que entro em contato com os conceitos marxistas, socialistas, enfim.
Em primeiro lugar o discurso marxista me parece bonito, porém gostaria de vê-lo funcionar e com os resultados que prometem. Acho que tal sociedade não passaria de mera utopia. A impressão que tenho é que os autores desta obra desconsideraram a natureza humana. Esqueceram que cada indivíduo traz em seu cerne, qualidades boas ou más que os diferem uns dos outros.
Lendo o Manifesto comecei a imaginar vários trabalhadores uniformizados, desempenhando atividades uniformemente idênticas, cujas expressões faciais denotam o mesmo olhar, o mesmo respirar, tal como máquinas operando em sincronia total.
Até parece o filme que assistimos de Chaplin “Tempos Modernos”, porém no filme ele se descontrola e se rebela saindo a apertar botões a esmo pela rua, permitindo-se inclusive, a “brincar” com os outros, o que acho não aconteceria no caso de uma sociedade socialista como a supracitada, pois os indivíduos me pareceram tão uniformizados com padrões rígidos de comportamento que não lhes permitiriam sequer tal liberdade.
Lembrou-me também de sociedades fechadas tais como a China Socialista de outrora ou a Coréia do Norte cujas portas estão rigidamente trancadas ao Capitalismo e a qualquer interferência estrangeira aos seus usos e costumes, demonstrando uma xenofobia que encarcera o indivíduo numa estagnação cultural.
Passo a pensar então na Arte e na Cultura. Como se daria a liberdade de expressão de um artista em uma sociedade socialista? A Arte e a Cultura seriam necessariamente controladas pelo Estado que lhe aplicaria sanções, restrições, a censura. Nesta sociedade o artista dança conforme a música do Estado e sua produção artística resume-se a exaltar os feitos do poder. Isto é ditatorial.
É claro que o Capitalismo gera discrepâncias, diferenças sociais profundas, barreiras difíceis de transpor principalmente quando não há vontade política e também vontade individual ou coletiva. Mas não são raros os casos em que indivíduos nascidos em determinada classe ascendem numa estrutura econômica, pessoal e social. Para mim, particularmente, dizer que o Capitalismo é a concentração de renda nas mãos de uma minoria enquanto a maioria perece por falta de condições mínimas de vida é perfeitamente entendido. Porém não há como negar que as pessoas podem sair do buraco da favela aplicando vontade e disposição em sua trajetória particular, através de um único elemento capaz, não só de ajudar tal indivíduo a ascender nesta escala social como também a buscar novas alternativas para a melhoria coletiva. Esse único elemento capaz de transpor barreiras até então difíceis chama-se: Educação.
Isto se comprova em vários casos que podemos até mesmo assistir pela televisão, quando senhoras já com filhos criados e entrando na “melhor idade” são alfabetizadas. Elas dizem: “é como se o mundo se abrisse”. Novas perspectivas, novas possibilidades, novos caminhos que as farão entender o mundo e a enxergar o que antes era cerceado pela sua ignorância. Isto só para citar um simples exemplo sem me ater muito a questão.
Estou confusa com esta questão marxista, socialista, comunista, pois não vejo em sua totalidade elementos que me façam crer que tal regime é o fator que resultaria na igualdade social. E muito menos que seria o melhor caminho para o Brasil. Será por isso que a “Esquerda” não é mais a mesma?
Levando em consideração o contexto histórico em que o “Manifesto do Partido Comunista” e “O Capital” foram escritos, no mundo contemporâneo sua aplicabilidade seria viável? A humanidade (que caminha a passos largos) evoluiu e evolui acomodando-se no Capitalismo de forma a não querer mais profundas transformações em seus modos de vida. O novo é sempre visto com desconfiança.
Num país em que o Bolsa-Família serve de “cala-boca” para os menos (e os mais ou menos) favorecidos, parece-me que os proletários marxistas e ideólogos socialistas descansam nos dormitórios das fábricas aguardando uma faísca que reacenda o ideário esquecido.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Bélgica planejava colônia no Brasil-Fábrica em MT foi ponta de lança do projeto, afirma pesquisador

Newsletter Fundação Alexandre de Gusmão

MARCO- Fábrica de derivados de carne que pertenceu a empresa belga, em imagem feita quando propriedade já era de norte-americanos
Barão do Rio Branco foi quem desmontou plano
O oeste brasileiro, que já havia sido disputado por portugueses e espanhóis, despertou a cobiça dos belgas por sua localização estratégica - entre as bacias amazônica e platina, de onde seria possível partir para outras conquistas no continente no futuro. O governo brasileiro demorou a perceber a ameaça. Mas um homem atentou para o perigo: o Barão do Rio Branco, que assumiu o Ministério das Relações Exteriores em 1902.Figura central da diplomacia brasileira, conhecido como o homem que consolidou as fronteiras do País, o Barão, sabe-se agora com as revelações do livro Os Belgas na Fronteira Oeste do Brasil, foi mais importante do que se imaginava. "Achava-se que seu maior feito tinha sido a resolução da questão do Acre, mas agora ficou provado que foi, na verdade, desmontar uma colônia belga no coração do País", ressalta o embaixador Jeronimo Moscardo, presidente da Fundação Alexandre Gusmão, editora da publicação, resultado da tese de doutorado de Domingos Sávio da Cunha Garcia.Não chegou a haver comprometimento das relações Brasil-Bélgica, nem mesmo necessidade de intervenção diplomática, mas a embaixada lá monitorou os avanços dos belgas por aqui. "O Barão teve a exata compreensão dos atores que estavam em jogo, sabia que os interesses eram fortes. Ao desatar a questão do Acre, por tabela desmontou a tática dos belgas", diz a pesquisadora.*R.P
Os pesquisadores que estudam a formação do território brasileiro costumam se dedicar apenas ao período colonial, quando os portugueses trataram de expandir seu domínio para o distante oeste. E, também, ao que se estende da Independência, em 1822, a 1850, fase em que a Coroa se ocupou de manter o que já havia conquistado, sufocando revoltas separatistas nas províncias. Nem mesmo os historiadores sabem, mas bem depois disso, no fim do século 19, um pequeno país europeu tentou estabelecer aqui uma colônia para chamar de sua.Trata-se da Bélgica, reino que já possuía um território na África, o Congo Belga, de propriedade pessoal do rei Leopoldo II (atual República Democrática do Congo). O período em questão é conhecido como a "era dos impérios". Caracteriza-se por uma nova etapa da expansão colonialista dos países desenvolvidos, em busca de matérias-primas de baixo custo e mercados para seus produtos industrializados.As pretensões belgas no Brasil se localizaram no extremo oeste brasileiro, e tiveram como alvo parte da região onde ficam Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Ou seja: bem distante dos olhos do governo federal de então. Tudo começou em 1895, quando a Compagnie des Produits Cibils, sediada na Antuérpia, adquiriu uma fábrica construída por um argentino para produzir derivados de carne, na região de Descalvados (município de Cáceres, MT), fronteira com a Bolívia.Foi o primeiro empreendimento no local e ponto de partida para uma série de iniciativas que tinham como objetivo final repetir aqui a experiência africana. É o que acredita Domingos Sávio da Cunha Garcia, professor do Departamento de História da Universidade de Mato Grosso e autor do livro Os Belgas na Fronteira Oeste do Brasil, que está sendo lançado pela Fundação Alexandre Gusmão, ligada ao Itamaraty."Três anos depois da compra da fábrica, a operação muda de caráter, e começa a expansão para o oeste", explica. "Só em Descalvados, eles compraram mais de 1 milhão de hectares; mais ao sul, 500 mil hectares; ao norte, as concessões de área de extração de borracha chegaram a dois terços do que hoje é o Estado de Rondônia. No total, foram entre 5 e 8 milhões de hectares (o que equivale a 80 mil quilômetros quadrados)."Garcia começou a se dedicar ao assunto nos anos 90. A pesquisa ganhou gás quando ele conheceu, num congresso, o pesquisador belga Eddy Stols, da Universidade de Louvain, especialista em Brasil que também se debruçara sobre o tema. Depois de garimpar documentos, livros, contratos, jornais e relatórios no Arquivo Público de Mato Grosso e no Arquivo histórico do Itamaraty, Garcia chegou à conclusão de que o interesse dos belgas ia muito além da exploração da borracha, da pecuária e da rentável atividade da moderna fábrica de Descalvados. A indústria, hoje em ruínas, produzia extrato de carne bovina e derivados exportados para o mercado europeu.Prova disso foi a despropositada solicitação, feita em 1897, de instalação de um consulado da Bélgica em Descalvados (havia representações no Rio e em São Paulo) - uma forma de resguardar seus interesses por lá. O pedido foi negado pelo Brasil, mas um vice-consulado acabou sendo aberto. Enquanto isso, toda a área era devidamente guardada por militares belgas que atuaram no Congo.ACREOutra comprovação das intenções colonialistas é o súbito desinteresse pela região quando se resolveu a disputa pelo território do Acre, contíguo a Rondônia, entre brasileiros e bolivianos. As terras pertenciam originalmente à Bolívia, mas eram ocupadas por seringueiros do Brasil. Estavam arrendadas a grupos norte-americanos, organizados num sindicato.Mas, mediante pagamento de indenização e graças ao recuo dos EUA quanto à possível criação de uma colônia sua no lugar, o que chegou a ser oferecido pelo governo boliviano, acabaram sendo anexadas ao território brasileiro. Àquela altura, os americanos decidiam que a América Latina seria, sim, sua área de influência exclusiva, mas não com aquisição territorial.Tão logo a questão acreana se resolveu, em 1903, os belgas começaram a se desmobilizar e deixar o oeste brasileiro. Haviam percebido que levar seu plano adiante seria muito mais difícil do que pensavam. Isso aconteceu já em 1904, a despeito dos lucros com as exportações dos produtos da fábrica. "Na questão do Acre, foi como se os EUA dissessem: ?Aqui ninguém tasca?. Os belgas rapidamente recuaram", diz o professor.O tema não pautou as pesquisas dos historiadores brasileiros talvez por conta da ideia cristalizada de que a integridade territorial não correu riscos na segunda metade do século 19 e nos primeiros anos do século seguinte. Como nenhuma ameaça se concretizou e não houve perdas de terras, é como se nada tivesse acontecido. Mas o livro lembra que não foram só os belgas que sonharam ser donos de um pedacinho do Brasil - vide a invasão inglesa da Ilha da Trindade (1895-1896), no litoral do Sudeste, e a disputa com a França pelo Amapá (que só foi resolvida no século 20).


Fonte: O Estado de São PauloCrédito: Roberta Pennafort

O que é política?

A política segundo a concepção de Hannah Arendt, objeto de estudo nas aulas de Ciências Políticas da Professora Ghisolfi, seria a arte das relações entre os indivíduos ou a compreensão da liberdade do outro.
A política baseia-se na pluralidade dos homens; também não provém de Deus, pois é uma criação do homem, portanto mundana.
A política trata da convivência entre os diferentes.
Segundo a Autora: "A ruína da política em ambos os lados surge do desenvolvimento de corpos políticos a partir da família." (pág.22)
Por que Arendt usa o conceito de família para exemplificar a política? Primeiro que isso é uma concepção marxista, uma noção de propriedade. Depois, Arendt usa a família para exemplificar que a partir de um conceito de homogenização de valores, de modos de vida, é o homem criando outro ser a sua semelhança. Daí que a política trata de diversidades, sua ruína.
O homem é a-político, ou seja, nasce totalmente fora dos homens, não é de sua essência. A política nasce da convivência entre os homens. Estabelecemos relações políticas com os quais estabelecemos igualdade.
Preconceito da política: os preconceitos contra a política não são juízos definitivos. Chegamos a uma situação com a qual não sabemos lidar, ainda não, pelo menos, é um imobilismo político.
Esses preconceitos são vários e não dizem respeito apenas à técnica de um Estado autoritário.
A política é o poder e o poder corrompe.
O sentido da Política é a liberdade para poder agir ou ser um agente político. As pessoas atribuem o poder ao Estado. Esses preconceitos não são juízos definitivos. As pessoas precisam superar os preconceitos e imobilismos e começar a agir.
Superar o preconceito significa liberdade de ação efetiva.

domingo, 3 de maio de 2009

Considerações sobre Maquiavel e o Príncipe



Antes de considerarmos o estudo sobre Maquiavel e sua obra prima "O Príncipe", veremos como seu pensamento se enquadra dentro do contexto histórico que permeia a época de uma Itália magnífica, porém dividida em vários Principados e regimes políticos diversos, além de uma gama diferenciada de cultura e desenvolvimentos econômicos díspares.
Maquiavel queria para a sua Itália, não uma nação utópica, pois que este Autor Florentino primava a verdade efetiva das coisas, ou seja, a verdade concreta das coisas, como elas são e não como deveriam ser. Esta era a sua Metodologia: ver e examinar a realidade tal como ela é e não como gostaria que fosse.
Rousseau em "Do Contrato Social" explica que "Maquiavel fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições para o povo", pois que Maquiavel discorreu sobre a liberdade (ou como ele chamava a República) quando ofereceu conselhos para a sua conquista e salvaguarda.
Maquiavel ensina que devido ser a natureza humana movida pelas paixões, a história da humanidade tornou-se cíclica, repetindo-se continuamente entre a ordem, a desordem e a necessidade de uma nova forma de estabilidade.
O objetivo de sua análise política é tentar descobrir como resolver o inevitável ciclo de estabilidade e caos. O objetivo da ordem é evitar o caos e a barbárie, mas uma vez alcançada deve-se entender que ela não será assim para sempre pois a ameaça de se retornar o caos estará sempre presente.
"A ordem sucede à desordem e esta por sua vez, clama por uma nova ordem."(ver "O Príncipe" pág. 20)
"O Príncipe", obra inaugural do conhecido 'realismo político' fez de Maquiavel o pai das Ciências Políticas. Maquiavel separa a política de Deus. Para ele, a política é uma ação humana e não um dogma religioso ou não provém de Deus. Para tanto busca elementos concretos ou seja, o governante deve ter conhecimento do passado para governar o presente, isto é uma concepção de história.
Algumas características do modo de escrever de Maquiavel devem ser consideradas:
"... a longa experiência...", descrita na página 11, diz exatamente este conceito de conhecimento histórico.
"... a Vossa Humanidade...", usado quando se dirige ao Príncipe, ele apela para o caráter humano do governante.
"... não usei palavras pomposas...", característica de Maquiavel, alguns consideram Maquiavel como aquele que deu dicas aos governantes que gozem de Legitimidade (estabilidade, harmonia), outros estudiosos dizem que por Maquiavel ter uma linguagem simples teria escrito para o povo, para entender quando o governante os ludibriar.
"... origem humilde e baixa condição..." pág.12: coloca-se no mesmo nível do povo.

Virtù, Fortuna e Força

A virtù é um conjunto de qualidades que permitem a um príncipe aliar-se a fortuna e conseguir a honra e a glória, qualidades estas que o Príncipe tem que ter ou fingir que tem. Essas qualidades seriam: capacidade de compreensão, sapienza (sabedoria), jogo de cintura, conhecimento histórico e conhecimento de armas (saber as técnicas de guerra e ir para o campo de batalha). O Príncipe de virtù deve ter a percepção dos problemas futuros da humanidade.
A fortuna é a SORTE, o acaso, o curso da história, o destino cego. Não confunda a fortuna com bens materiais, dinheiro, etc. é extramente equivocada tal designação. Um príncipe de virtù sabe manter as graças da fortuna ao seu lado, fazendo com que a sorte conspire a seu favor.
Quanto a força, Maquiavel diz que o homem é por sua natureza mau, invejoso, covarde, vil e não confiável. Não é a favor do uso da força em qualquer ocasião, (prefere a inteligência da raposa à força do leão) mas não a descarta totalmente, aliás Maquiavel diz que "se for necessário faça bem feito e de uma só vez."
Com todos seus conselhos Maquiavel buscava a unificação de uma Itália dividida e morreu sem ter visto seu sonho realizado. Sua vida foi marcada por intensos altos e baixos, tal qual sua teoria sobre a história cíclica da humanidade.
A seguir uma análise capítulo por capítulo de " O Príncipe."

sábado, 2 de maio de 2009

Seminário sobre Crise Econômica e Política - UFMT

Crise Econômica ou crise política – Marcio Porchman


De acordo com Marcio Porchman esta crise econômica atual pode ser Sistêmica ou Estrutural. Sistêmica porque se iniciou nos USA e contaminou a economia real (setor produtivo), resultando também em efeitos políticos.
Essa é a primeira crise do capital globalizado. A primeira crise da história deu-se em 1929 (ainda nas colônias) e a segunda em 1963. Esta última foi uma crise no mundo socialista.
Quanto a natureza da crise ser estrutural, coloca-se em xeque as estruturas de funcionamento da economia der mercado: crédito, padrão de financiamento (bancos e empresas financeiras operadoras de papéis), fundados em bancos públicos; padrão de produção de consumo (insustentável ambientalmente); profunda desgovernança do mundo (não há mais intervenção de instituições como a ONU, por exemplo). O G20 é o único grupo que ainda se interessa pelos debates no setor econômico; quadro de degradação e perda de hegemonia, causando uma complexidade de efeitos; criaram um consumo sem renda, o que vai exigir uma solução complexa na direção política.
Quais são os mecanismos de transmissão da crise para o Brasil?
¨Crédito Internacional: crédito operado no Brasil depende de recursos internacionais. A crise do crédito afetou, por exemplo, a comercialização dos veículos, que eram financiados pelos bancos das montadoras profissionais.
¨Componente do comércio externo: redução do comércio internacional que deve ser sete por cento menor que o ano passado
¨Decisões das grandes corporações que operam no Brasil: são feitas subordinadas às empresas-matriz situadas nos países em recessão, como USA e Japão.
¨Reações: dos governos Federal, Estaduais etc e da sociedade civil.
O Brasil terminou identificando o retrocesso dos neoliberais que era conseqüência do nosso atraso passou a ser nossa salvação as Instituições Públicas como Banco do Brasil, BNDES tornaram-se instituições fortes que estão suportando nossa crise.
Há um possível quadro recessivo em 2009. Dificilmente esse quadro será revertido caso não haja luta social e a construção de uma “nova maioria”.
Quais rumos tomar? ¨Padrão civilizatório: elevar o bem estar da sociedade rompendo com a apatia. Reconhecer que os quadros econômicos são imateriais (menos dependente da agricultura e indústria que produzem algo quantificável).Esse padrão civilizatório exige uma nova atitude, o estudo para a vida toda e não mais a educação para o trabalho, a perspectiva da rebeldia transformadora.

Dissertativa sobre texto de Norbert Elias

A Sociedade como um todo
Dissertado por: Carla Alexsandra


A Sociedade é, como a vemos e a sentimos, o conjunto de indivíduos que vivem, trabalham, comem, dormem etc, segundo o mesmo padrão cultural inerente àquela região ou país. E penso que, quanto mais distantes uma sociedade da outra, em termos geográficos, também diferentes serão as culturas que esses indivíduos organizarão. Como exemplo, podemos citar sociedades como a chinesa e a brasileira, e por terem dimensões continentais também apresentam dentro de si, diversidades regionais culturais.
Ao procurarmos a palavra “sociedade” no Dicionário Aurélio receberemos como resposta que “... são indivíduos que vivem por vontade própria sob normas comuns e que são unidos pelo sentimento de consciência do grupo...”.
O emprego da palavra “unidos” no verbete do dicionário nos remete ao exemplo de Aristóteles citado por Norbert Elias em sua obra “A Sociedade dos Indivíduos” onde o Autor discorre a analogia entre a casa de pedras e a sociedade dos indivíduos. Da mesma forma que os indivíduos estão unidos para formar a sociedade (e sem essa união a sociedade não existiria), as pedras coalescidas formam uma casa e não teria significado algum caso soltas estivessem.
Norbert Elias também cita a sociedade como “um complexo funcional de estrutura bem definida” onde todos nós nos movemos nessa grande teia, cada qual com suas funções específicas. Ainda que a maioria de nós não se conheça, ainda assim estaremos assumindo tais funções, trabalhando diariamente pelo bem-estar dos outros ou para que cumpram também suas atividades diárias, a fim de eliminarmos a inércia e fazermos com que tenhamos uma ligação uns com os outros.
Outro ensinamento importante no texto de Elias é no tocante aos mitos científicos da origem. Partindo do mito da criação (Bíblico) com a origem da humanidade a partir de Adão, passamos a refletir sobre a possibilidade de não existir nada ou ninguém antes dele, adulto simplesmente já pré-concebido, sem um começo, uma infância.
Mas como teria sobrevivido sem a orientação de um grupo de pessoas que teriam vindo antes dele e teriam, na história primeva, concebido um modo de ser, uma língua comum no convívio natural?
Há, na leitura antiga ou na contemporânea, exemplos ainda que infantis, de se pensar como se faria o indivíduo sem o convívio com seus iguais. Vejamos a história de Mogly, o menino-lobo ou George, o Rei da Floresta. Histórias lúdicas que nos remetem a reflexão de indivíduos humanos, que ao serem criados longe de seus iguais e em uma floresta, tornaram-se tal qual o elemento que os criou: no primeiro caso, lobos e no segundo, macacos. E a partir daí começam a agir como lobo e macaco, com os mesmos modos de ser, comer, dormir, grunhindo e gesticulando como animais que pensam que são. É o animal humano semi-selvagem citado no texto.
O indivíduo se torna complexo e adulto quando, criado em sociedade por seus iguais, recebe daqueles que o antecederam todos os ensinamentos, as regras de convívio e respeito e transforma-se em um ser humano adulto, capaz de agir e falar de forma articulada e integrando a teia de indivíduos que formam a sua sociedade.
O indivíduo nasce, portanto, inserido em uma rede de pessoas que o antecederam e lá se torna parte, contribuindo para que esta rede cresça e se movimente. O controle de seus instintos, traços de seu caráter e personalidade serão moldados neste meio. Passará a tratar-se como “nós” e não mais como simples indivíduo “eu”, agindo e reagindo em suas relações interpessoais nas possibilidades que a cadeia humana oferece. Isto significa o respeito aos limites impostos pela própria sociedade, observando as regras que foram criadas para realizar as ações de todos: “ A atividade individual de alguns é o limite social de outros”.(ver págs: 51-52).
Por fim, é inegável que indivíduos isolados tenham na crença popular um valor inestimável pela sua contribuição na história da própria humanidade, mas não devemos esquecer que esses indivíduos não agiram sem qualquer experiência. O meio em que tais indivíduos se criaram e se fortaleceram fazendo com que mudassem o rumo de sua sociedade ou de todo o planeta foi de crucial importância para fazer com que se tornassem grandes personalidades. Como diz o texto: “A crença no poder ilimitado de indivíduos isolados sobre o curso da história constitui um raciocínio veleitário”.Isto significa que é leviana ou fantasiosa a crença de que grandes pensadores como os próprios Aristóteles, Marx, Maquiavel ou qualquer outro que conhecemos, tenham se criado por eles mesmos. É claro que se tornaram um produto do seu meio. Sem o convívio com suas sociedades, sem interagir neste meio, não desenvolveriam o pensamento crítico e ou analítico de suas épocas e conseqüentemente não se tornariam às pessoas que foram.
Acredito que as sociedades nasçam das vontades de grupos de pessoas que se uniram por afinidades e permitiram ser, simplesmente por ser uma sociedade, a união de todos.

Relatório 1 de Sociologia

A Sociedade dos Indivíduos - Norbert Elias


Aula 1: Relatora Carla Alexsandra
Debate Central: A antinomia conceitual de Sociedade
Relação dos tópicos da discussão em sala de aula

Tese do Autor: o indivíduo se estabelece dentro de uma rede, uma ordem social. Essa rede está ligada por uma função de cada indivíduo, trazendo uma estrutura.

§Duas correntes de pensamento: indivíduo em si
conjunto (todo)

¨Quando pensamos em sociedade, logo nos vem a idéia da soma dos indivíduos, numa posição teórica-social. Por que vivemos em grupo? O que constitui o conjunto? Seria a sociedade o conjunto de indivíduos que pertencem a um determinado seguimento, como religioso ou institucional, ou por interesse ou afinidades, por exemplo?
¨Todos os indivíduos com suas peculiaridades vivem em conjunto e criam a figura do Estado. Formam um conjunto e nele se estabelecem.
¨Há uma racionalidade na associação de indivíduos, que percebendo suas necessidades, criam um conjunto de instituições para “enfrentar” as regras de convivência em grupo e o mundo adverso.
¨Quando falamos em Teoria Liberal (Liberalismo) qual é a pressuposição? É a máxima da liberalidade. Dentro da Teoria Liberal o homem é livre, ou seja, tem o direito de fazer tudo o que for de sua vontade. Isto estaria na base de um caráter inato (que pertence à natureza de um ser, nasce com ele).
¨Se nós indivíduos vamos nos agregar em torno de uma racionalidade para suprir nossas necessidades, como alocar recursos para isso? O homem é diferente dos outros animais, pois nós aprendemos, temos que aprender para poder sobreviver.
¨Quem define as instituições são os indivíduos mais fortes.
¨Somos seres sociais e buscamos a máxima felicidade.
¨Nascemos e somos determinados conforme a sociedade nos define.
¨A sociedade é um conjunto de indivíduos ou o todo? Como se forma o conjunto?
¨Tese do Autor: possibilidades.
¨O que é realidade concreta? Estabelece-se de diferentes formas em cada lado. Ela assume formas diferentes em cada uma das possibilidades. A tese do Autor irá superar essa dicotomia, pois ele entende isso de forma diferente. Ele constrói e logo em seguida destrói seu pensamento assumindo um outro contexto, ou em outras palavras, busca cada elemento de suas concepções para destruir em seguida.
¨Como pensar a sociedade supra (acima) dos indivíduos? Pensamos que os indivíduos se agrupam por afinidades. Lembramos do exemplo da casa de pedra ou das peças do relógio. Além das peças, o que é necessário para se formar o relógio? O mecanismo, a estrutura. “A idéia de não existir sociedade, mas uma porção de indivíduos, nos diz o mesmo que na realidade, não existem casas, mas apenas uma porção de tijolos isolados, um monte de pedras.” (pág.20)
¨O indivíduo é o eu. Se analisarmos o eu de cada indivíduo neste microcosmo (resumo deste universo) de nossa sala de aula verificaremos que há um contexto histórico na origem familiar de cada um destes indivíduos. Ficaremos presos a este eu se nos atermos apenas nas possibilidades de cada um.
¨Na metade do século XX pensadores buscaram superar esta dicotomia (divisão lógica de um conceito em outros dois) de pensarmos as coisas em separado.
¨Em que momento deixamos de ser natureza e nos tornamos uma sociedade?
¨Seria somente indivíduo aquele que nasceu primeiro? Os que vieram depois formaram uma sociedade? Norbert explica pelos Mitos Científicos da Origem (ver página 26). O indivíduo sozinho não é sociedade, pois não estabelece uma relação. (Como exemplo ilustrativo Robson Crusoé). Os nativos da Polinésia têm a “Ciência do Concreto”. E teriam uma atitude diferente em comparação com um nativo inglês por exemplo, caso um de seus indivíduos se vissem na situação de náufrago.
¨Outro exemplo sugerido em sala: a existência de castas na sociedade indiana. A questão: podemos trabalhar com a possibilidade de ascensão social neste tipo de sociedade? Não.
¨Foi levantada a questão da possibilidade de elevação social caso haja uma formação escolar de qualidade para o indivíduo em uma determinada sociedade “livre” de conceitos ou tradições como a Indiana. A partir do século XIX é que se vai elaborar a proposta da Escola Pública onde todos têm o direito ao ensino. Antes este direito pertencia somente à Elite, pois era um privilégio.
¨Por fim, não existe sociedade sem indivíduos. Não existem indivíduos que não estejam em sociedade.



Bibliografia de apoio: Dicionário Aurélio