domingo, 3 de maio de 2009

Considerações sobre Maquiavel e o Príncipe



Antes de considerarmos o estudo sobre Maquiavel e sua obra prima "O Príncipe", veremos como seu pensamento se enquadra dentro do contexto histórico que permeia a época de uma Itália magnífica, porém dividida em vários Principados e regimes políticos diversos, além de uma gama diferenciada de cultura e desenvolvimentos econômicos díspares.
Maquiavel queria para a sua Itália, não uma nação utópica, pois que este Autor Florentino primava a verdade efetiva das coisas, ou seja, a verdade concreta das coisas, como elas são e não como deveriam ser. Esta era a sua Metodologia: ver e examinar a realidade tal como ela é e não como gostaria que fosse.
Rousseau em "Do Contrato Social" explica que "Maquiavel fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições para o povo", pois que Maquiavel discorreu sobre a liberdade (ou como ele chamava a República) quando ofereceu conselhos para a sua conquista e salvaguarda.
Maquiavel ensina que devido ser a natureza humana movida pelas paixões, a história da humanidade tornou-se cíclica, repetindo-se continuamente entre a ordem, a desordem e a necessidade de uma nova forma de estabilidade.
O objetivo de sua análise política é tentar descobrir como resolver o inevitável ciclo de estabilidade e caos. O objetivo da ordem é evitar o caos e a barbárie, mas uma vez alcançada deve-se entender que ela não será assim para sempre pois a ameaça de se retornar o caos estará sempre presente.
"A ordem sucede à desordem e esta por sua vez, clama por uma nova ordem."(ver "O Príncipe" pág. 20)
"O Príncipe", obra inaugural do conhecido 'realismo político' fez de Maquiavel o pai das Ciências Políticas. Maquiavel separa a política de Deus. Para ele, a política é uma ação humana e não um dogma religioso ou não provém de Deus. Para tanto busca elementos concretos ou seja, o governante deve ter conhecimento do passado para governar o presente, isto é uma concepção de história.
Algumas características do modo de escrever de Maquiavel devem ser consideradas:
"... a longa experiência...", descrita na página 11, diz exatamente este conceito de conhecimento histórico.
"... a Vossa Humanidade...", usado quando se dirige ao Príncipe, ele apela para o caráter humano do governante.
"... não usei palavras pomposas...", característica de Maquiavel, alguns consideram Maquiavel como aquele que deu dicas aos governantes que gozem de Legitimidade (estabilidade, harmonia), outros estudiosos dizem que por Maquiavel ter uma linguagem simples teria escrito para o povo, para entender quando o governante os ludibriar.
"... origem humilde e baixa condição..." pág.12: coloca-se no mesmo nível do povo.

Virtù, Fortuna e Força

A virtù é um conjunto de qualidades que permitem a um príncipe aliar-se a fortuna e conseguir a honra e a glória, qualidades estas que o Príncipe tem que ter ou fingir que tem. Essas qualidades seriam: capacidade de compreensão, sapienza (sabedoria), jogo de cintura, conhecimento histórico e conhecimento de armas (saber as técnicas de guerra e ir para o campo de batalha). O Príncipe de virtù deve ter a percepção dos problemas futuros da humanidade.
A fortuna é a SORTE, o acaso, o curso da história, o destino cego. Não confunda a fortuna com bens materiais, dinheiro, etc. é extramente equivocada tal designação. Um príncipe de virtù sabe manter as graças da fortuna ao seu lado, fazendo com que a sorte conspire a seu favor.
Quanto a força, Maquiavel diz que o homem é por sua natureza mau, invejoso, covarde, vil e não confiável. Não é a favor do uso da força em qualquer ocasião, (prefere a inteligência da raposa à força do leão) mas não a descarta totalmente, aliás Maquiavel diz que "se for necessário faça bem feito e de uma só vez."
Com todos seus conselhos Maquiavel buscava a unificação de uma Itália dividida e morreu sem ter visto seu sonho realizado. Sua vida foi marcada por intensos altos e baixos, tal qual sua teoria sobre a história cíclica da humanidade.
A seguir uma análise capítulo por capítulo de " O Príncipe."

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